escrita

Decisões e a Falta de Soluções

Estamos na meta final do primeiro semestre do primeiro ano e, tal como temia, as minhas dúvidas mantêm-se em relação ao curso, a incerteza de saber se é isto que realmente gosto ou se é normal esta insegurança. Será que passa pela cabeça de outras pessoas mudar de curso? Será que elas se sentem preparadas para continuar a estudar isto durante mais 2/ 3 anos, no mínimo!? A verdade é que fui para Direito por várias razões, menos a de ser a minha paixão. É um curso clássico, geral, com prestígio e empregabilidade. Que mais se pode pedir?

No dia que descobri que entrei na faculdade não senti absolutamente nada. Nem estava ansiosa para saber onde tinha sido colocada. Só aqui devia ter percebido que algo não estava bem. O facto da minha família e amigos contarem, com mais entusiasmo e orgulho que eu, a terceiros que estou em Direito devia ser um grande red flag. Todavia, ainda sinto um friozinho na barriga só de pensar na ideia de desistir. Era, supostamente, uma grande decisão já tomada. A razão a qual estou a repensá-la é porque sou eu que vou ter que acordar todos os dias entusiasmada para estudar e, eventualmente, trabalhar.

Por um lado, gostava de continuar e fazer o 2º semestre, para garantir que não estou a cometer um erro, porém, por outro, estou tão cansada e tão desejosa de acabar logo isto que me ponho a pensar se não será melhor fazer uma pausa de tudo. Ir para casa e apreciar aquilo que eu nunca apreciei, pois sempre tomei como garantido, e apenas pensar melhor naquilo que realmente quero com calma, sem pressões, sem pressas.

Ainda assim, o que me impede de fazer isto é o medo. O medo de falhar – mas não estarei a falhar comigo própria se fizer algo que não gosto? O medo do que possam pensar de mim  – mais outra perdida na vida. É neste contexto que vejo inspiração em cada pessoa que já passou por isto e que seguiu em frente com o seu sonho, quer tenha estatísticas assustadoras no que toca ao desemprego ou não.

Se mudar, não me arrependo de ter “perdido” um ano. Nunca se estuda demasiado, nunca se aprende demasiado e não foi só Direito que aprendi, acreditem. Foi e está a ser uma grande experiência, desde a mudança radical de ensino a cozinhar e a saber viver sozinha. Um processo que me trouxe também muitas caras novas e com quem eu sei que posso contar. É aqui que se apercebe que, por vezes, mais difícil que gerir o dinheiro é gerir o tempo que nos sobra da grande balbúrdia que a vida é.

Suponho que o que tenha que fazer agora é decidir-me.

xx Jules

Standard

1 thoughts on “Decisões e a Falta de Soluções

  1. Tenho certeza que passar por isso não é um privilégio teu, mas da maioria das pessoas que iniciam os estudos, ainda mais com as pressões externas (família, trabalho…)… eu mesmo passei por isso, caí de para-quedas em um curso que, ao final de 7 anos, concluí e descobri que foi mesmo uma das escolhas mais alegres que pude ter feito – mesmo demorando tanto tempo para reconhecê-la e para me responsabilizar por ela. As vezes iremos acordar sem ânimo para estudar, para trabalhar, mas isso faz parte como fará parte das alegrias e os entusiamos que uma escolha tomada com maior carinho (e por que não paixão?) irá te trazer. Desejo-te boa sorte no teu caminho e lembre-se que as vezes desistir não é exatamente desistir, mas reorientar tuas escolhas. Um abraço!

    Liked by 1 person

Deixe um comentário