“We all know the story. Virginal girl, pure and sweet, trapped in the body of a swan. She desires freedom but only true love can break the spell. Her wish is nearly granted in the form of a prince, but before he can declare his love her lustful twin, the black swan, tricks and seduces him. Devastated the white swan leaps of a cliff killing herself and, in death, finds freedom.”
“It’s about a girl who gets turned into a swan and she needs love to break the spell, but her prince falls for the wrong girl so she kills herself.”
Quando era pequenina e ia para o infantário levava muitas vezes o DVD do Lago dos Cisnes comigo. Raramente o punham a dar – na verdade, nem me lembro de alguma vez o ter visto lá – , apenas levava para olhar para ele e para mostrar a todos o meu filme favorito.
Comecei a dançar Ballet aos 5 anos, por vontade própria. Os meus pais nunca perceberam de onde tinha tirado a fixação de dançar, penso que, muito provavelmente, foi desse filme da Barbie. Os anos foram passando e deixei o filme para ouvir a orquestra do Bailado, a qual já canto de trás para a frente e de frente para trás.
Em 2010 saiu o filme The Black Swan, que não tem nada a ver com o conto original, mas que as pessoas o interpretam de uma maneira semelhante. Há quem o interprete como uma história de amor, eu vejo como uma batalha interior da protagonista.
O Cisne Branco representa a pureza, a fragilidade e a inocência de Nina, que começa como uma criança tímida, ingénua, à procura de perfeição. O problema começa quando lhe é exigido que ela se transforme no Cisne Negro, símbolo de mulher, devendo, segundo o director, perder o controlo, perder-se a si própria, ser impulsiva, ser sensual, seduzir. Todo o processo de amadurecimento da protagonista é lento e doloroso, o que lhe leva a ter alucinações, são as dores do crescimento.
A razão a qual falo deste filme não é aleatória. Achei necessário falar por duas razões. Primeiro, porque farto-me de ver o enredo das histórias como um homem (como se a vida das mulheres se resumisse a isso – estamos na Arábia Saudita ou quê???). Depois, porque voltar a casa depois de um ano de reviravoltas na minha vida faz me sentir como se fosse uma má pessoa.
Como se o eu ter percebido que não estou cá para agradar ninguém, nem para ninguém me usar fosse um sinal de egoísmo, de arrogância. Mas cresci, cresci da maldade da adolescência, e continuo a crescer. Ninguém nos diz o quanto uma criança ou um adolescente podem ser maus e mesquinhos uns para os outros. Será falta de confiança? Será um sentimento de inferioridade a querer se passar por superioridade? O que interessa é que, ao contrário de antes, pouco me importa o que pensam de mim. Os únicos que nos interessam são aqueles que realmente se importam connosco. Já dizia o Mac Miller, “I’m only keepin’ good company / I am not talkin’ to you if you don’t have love for me”.
Não vou negar que o secundário foi, até agora, a melhor fase da minha vida. Todavia, mudar me e ter entrado na Universidade mudou tudo. Quando volto a casa e vejo aqueles que cá ficaram apercebo-me que eles ficaram na mesma página. Como li uma vez: “Sometimes we grow, but what’s around us hasn’t. We need to find environments where we can be healthy and thrive” (peço desculpa pelo excesso de citações em inglês, e não, esta não é a última). É como se voltasse agora ao infantário e tudo parecesse bem mais pequeno do que na altura em que lá andei. Não encaixo, aqui e ,por enquanto, em lado nenhum, o que me dá uma sensação de estar perdida. Porém “now that you don’t have to be perfect, you can be good” (John Steinbeck).
Não sei se me fiz entender. Depois de escrever, apagar, reordenar e de ler umas cem mil vezes a mesma coisa nem eu sei se percebo o que para aqui vai. O que vocês devem reter é que eu estou bem, e se, por alguma razão, parece que mudei as minhas atitudes é porque realmente mudei, mas a maneira como trato cada um depende puramente daquilo que recebo. Se faz de mim má ou boa pessoa, não faço ideia, mas faz me mim a Júlia.
xx, o novo Cisne Negro