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Update TV

Uma vez escrevi aqui que havia de trazer mais updates no futuro e, por ironia, aqui estou a partilhar este projeto.

A Update Media é uma plataforma multimédia de promoção e divulgação cultural e artística, concebida com o propósito de dar a conhecer, de forma noticiosa e independente, o trabalho dos artistas portugueses, assim como criar conteúdos documentais sobre o seu percurso e o seu impacto. Este ano, não só fui responsável pela gestão de redes sociais da Update, como auxiliei ainda na produção d’ (A)Cultura. Das artes plásticas à música, passando pelo cinema, esta série documental dá palco aos protagonistas da estética cultural portuguesa. Ao longo de 10 episódios, vemos as vidas, as carreiras mas também a preponderância das obras de Sam The Kid, Valete, Branko, Sara Correia, Vhils, Bordalo II, Ana Rocha de Sousa, Pedro Mafama, Vado Más Ki Ás e Deezy.

Créditos finais d’ (A)Cultura

JV

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Adeus, desacordo

Parece mentira como passaram dois anos – quase três – desde 2019. Como o tempo voa! E eu, que não gosto de deixar capítulos por fechar, venho aqui concluir este.

Por terminar a licenciatura e abandonar o ISCSP, tive também de sair do jornal desacordo, onde exerci as funções de redatora, editora e diretora nestes últimos três anos. Foi certamente uma escola. Eis a lista de artigos pela ordem de publicação desde o post Update! :

A minha nova edição do Pente Fino

JV

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Querido, mudei de vida

Quando somos pequeninos e nos perguntam “O que queres ser quando fores grande?” temos a resposta na ponta da língua. Quando somos “grandes” parece que não é assim tão fácil responder. A pergunta nem está bem colocada… Ou talvez esteja e somos nós que não a interpretamos bem, pois a resposta raramente se trata do que queremos ser, mas sim qual a profissão que queremos seguir. E rimos das respostas dos pequeninos: “astronauta”, “cantor”, “bailarina”, “futebolista”. São tantas as opções! E achamos ainda mais piada quando na semana seguinte as respostas já são outras – “Então querias ser arquiteto e agora já queres ser dentista?” – como se tivéssemos de nos decidir ali, como se não fosse comum termos mais do que um interesse, mais do que uma ocupação ou termos jeito para mais do que uma coisa. Já no 9º ano, escolher a área de estudos a seguir pode parecer o fim do mundo, para não falar da escolha assustadora do curso a seguir posteriormente. Parece que as opções que ali fizermos serão decisivas para o que vamos “ser” para o resto das nossas vidas. Serão?

A ideia de termos o mesmo trabalho durante 40 anos ficou no passado. Mais do que nunca, as pessoas saltam de emprego várias vezes ao longo das suas carreiras. De acordo com o Bureau Labor Statistics, em média, um Baby Boomer (1957 – 1964) percorre 12 trabalhos ao longo da sua vida[1], com uma permanência média de cerca de quatro anos por emprego[2]. Já 91% dos Millenials (1980 – 1996) esperam permanecer no mesmo emprego por menos de três anos, o que significa que terão entre 15 a 20 empregos ao longo das suas vidas[3] – vindo-se a confirmar, num relatório da Gallup, que 60% dos Millenials diziam estar abertos a uma nova oportunidade de trabalho[4].

Falta saber o que está por trás destas alterações no mercado de trabalho e quais as motivações para a mudança de carreira. São várias as razões possíveis: pela procura de novas e melhores oportunidades, de um novo desafio, por uma paixão, realização ou, claro, por necessidade. Vejamos do ponto de vista das pessoas. Os Millenials caracterizam-se por serem inquietos, por terem um espírito nómada e por serem ambiciosos, mais do que as gerações anteriores. Além disso a lealdade entre empregadores e empregados parece estar em declínio desde a Grande Recessão de 2007[5].

A fortiori, parece que as pessoas se aperceberam de que nada é garantido, nem mesmo uma carreira outrora estável, e que nem sempre o dinheiro compensa a infelicidade. Por esta razão, mais do que emprego, queremos encontrar o nosso propósito. Acha difícil? Sílvia, Carolina, Andreia e Maria João são exemplos de mulheres cuja vida deu uma volta.

Sílvia Taveira de Almeida, 53 anos, criou a Glow Chef, porque queria comer de maneira saudável. Não estudou alimentação, nutrição nem cozinha. A sua formação académica é na área da economia e da gestão. Passou por várias empresas, onde exerceu cargos de chefia, mas sempre sentiu um vazio, como se faltasse qualquer coisa.

Carolina Monteverde, 44 anos, estudou Economia no ISEG e trabalhou na banca durante 17 anos. Ao atingir o topo da carreira sentiu que estava a definhar. Decidiu voltar à escola e formar-se em filmagens e edição de vídeo. Hoje é videógrafa e fundadora da Smile Stories, que pretende contar histórias que perpetuam sorrisos.

Andreia Peres, 34 anos, começou a sua carreira como arquiteta, profissão que a deixava extremamente ansiosa e desmotivada. Viveu fora de Portugal desde 2013 e foi na China que deixou essa vida para trás. Após muita reflexão, encontrou paz e felicidade no Kundalini Yoga e, mais importante, encontrou-se a si própria.

Maria João d’ Eça, 28 anos, licenciou-se em Enfermagem. Ao fim de dois anos a trabalhar sentia que não queria estar mais ali. Candidatou-se ao ISCSP, onde hoje é finalista de Ciências da Comunicação. Apesar de admitir que não tem todas as respostas, diz que o melhor que podemos fazer é aceitar isso mesmo e estar abertos a ideias novas.

JV


Recursos e Fontes

[1] U.S. Bureau of Labor Statistics (2019). “Number of Jobs, Labor Market Experience, and Earnings Growth: Results From a National Longitudinal Survey.” Acedido a 02/03/2021.

[2] U.S. Bureau of Labor Statistics (2020). “Employee Tenure Summary.” Acedido a 02/03/2021.

[3] Future Workplace (2012). “Multiple Generations @ Work Survey”. Acedido a 02/03/2021.

[4] Gallup (2016). “How Millenials Want to Work and Live”. Acedido a 02/03/2021.

[5] Berger (2016). “Will This Year’s College Grads Job-Hop More Than Previous Grads?”. Acedido a 10/03/2021.


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Update!

Uau! Desde Agosto de 2018 que não publico nada neste blogue! Fear not! Não tenho estado parada!

Após ter concluído o 1º ano e ter saído do curso de Direito, ingressei no curso de Ciências da Comunicação, no qual me encontro já no 2º ano de licenciatura, onde surgiu a oportunidade de me juntar ao Jornal Desacordo, o jornal do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP). Deixo aqui os links dos meus artigos, pela ordem de publicação:

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Além do trabalho escrito, tive a oportunidade de criar um novo template para a rubrica  quinzenal Pente Fino, uma série de perguntas rápidas direccionadas a várias entidades – alunos, professores e funcionários – do ISCSP.

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A minha edição do Pente Fino

Trarei mais updates no futuro,

Júlia

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Olhem para o meu Instagram, sou tão bonita… Ou será que não?

Ou será que não? Ou será que se não tiver uma cara como a da Angelina Jolie, as pernas da Sara Sampaio, o rabo da Kim Kardashian, a cintura da Alexis Ren, o thigh gap da Kendall Jenner, os braços da Ariana Grande não sou boa o suficiente? Ou, pelo menos, ter o mesmo número de seguidores que elas.

Se a intenção de criar redes sociais não era a de gerar ansiedade e causar baixa auto-estima, especialmente aos mais jovens, o que é facto é o que realmente está a acontecer e a um nível cada vez mais alarmante.

A cabeça de uma rapariga de 16 anos já é suficientemente complicada, mais a pressão que existe hoje por parte de outras “mulheres-modelo” torna ainda mais complicado o trabalho de a decifrar. Cria-se uma imagem de perfeição inexistente, já que tudo o que se posta, mesmo que possa ser real, não é tudo. Há vida além das redes sociais, que por alguma razão não é partilhada. Afinal de contas, não convém ninguém saber que chumbaste o exame de condução, que estás em dívida ou que te despejaram de casa. Não soa muito bem, nem à tua reputação. Não, em vez disso publica-se a viagem a Paris ou a Bali ou o novo carro que te ofereceram pelo aniversário.

Tudo isto gera um grande sentimento de frustração, com mais destaque nos mais jovens. A ideia de que há pessoas que se tornam famosas aos 18 anos, por vezes até bem mais cedo, e que têm logo a vida praticamente feita e resolvida até a mim me assombra. É como se fosse uma inútil por ainda não ter descoberto o meu talento ou ter descoberto o próximo grande negócio. Não me tornei viral, não sei fazer vídeos no Youtube nem pousar para as câmeras. Não sei o que fazer para almoço amanhã, quanto mais o que fazer da minha vida. Todavia, não é normal aos 16, 17, 18 anos já viver sozinho e independente.

Isto pede uma intervenção, mas como? Proibir as pessoas de postar? A questão é que não há maneira de controlar o Instagram, a não ser a partir da própria iniciativa de quem lá está. Se há contas que me fazem sentir mal acerca do meu corpo, do meu trabalho, ou do que quer que seja, pergunto-me “Porque as sigo?”. Se não houver uma resposta suficientemente plausível, deixo de seguir. Tento substituir então por contas que passam um pensamento positivo e uma imagem da mulher mortal. Nem todas temos as medidas das  modelos da Victoria’s Secret, na verdade só uma minoria as tem, porém se formos ver as marcas Aerie ou Lonely Label a história já é outra (não, não estou a ser patrocinada haha).

Outra ideia seria a ausência, durante algum tempo, nas redes sociais, pelo menos o tempo suficiente de já não sentir a necessidade de as abrir quando estou aborrecida. E obviamente que não me refiro apenas ao Instagram, apenas falo mais dele por ser, por enquanto, a rede social hit, e por ser também muito visual, o que nos traz aos tais body goals, relationship goals, não sei mais o quê goals.

A conclusão? Está na hora de sabermos pensar por nós próprios e saber separar o mundo real e o mundo das redes sociais, onde tudo é perfeito, impedindo que este último afete o primeiro, impedindo que nos traga problemas, desde físicos a mentais. A vida de uma pessoa vai muito além de uma fotografia, por isso não deixes que essa fotografia vá além do teu Instagram.

xx, Júlia


Publicado em CHINASKY, 29/8/2018

 

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A Júlia é um cisne.

“We all know the story. Virginal girl, pure and sweet, trapped in the body of a swan. She desires freedom but only true love can break the spell. Her wish is nearly granted in the form of a prince, but before he can declare his love her lustful twin, the black swan, tricks and seduces him. Devastated the white swan leaps of a cliff killing herself and, in death, finds freedom.”

“It’s about a girl who gets turned into a swan and she needs love to break the spell, but her prince falls for the wrong girl so she kills herself.”

Quando era pequenina e ia para o infantário levava muitas vezes o DVD do Lago dos Cisnes comigo. Raramente o punham a dar – na verdade, nem me lembro de alguma vez o ter visto lá – , apenas levava para olhar para ele e para mostrar a todos o meu filme favorito.

Comecei a dançar Ballet aos 5 anos, por vontade própria. Os meus pais nunca perceberam de onde tinha tirado a fixação de dançar, penso que, muito provavelmente, foi desse filme da Barbie. Os anos foram passando e deixei o filme para ouvir a orquestra do Bailado, a qual já canto de trás para a frente e de frente para trás.

Em 2010 saiu o filme The Black Swan, que não tem nada a ver com o conto original, mas que as pessoas o interpretam de uma maneira semelhante. Há quem o interprete como uma história de amor, eu vejo como uma batalha interior da protagonista.

O Cisne Branco representa a pureza, a fragilidade e a inocência de Nina, que começa como uma criança tímida, ingénua, à procura de perfeição. O problema começa quando lhe é exigido que ela se transforme no Cisne Negro, símbolo de mulher, devendo, segundo o director, perder o controlo, perder-se a si própria, ser impulsiva, ser sensual, seduzir. Todo o processo de amadurecimento da protagonista é lento e doloroso, o que lhe leva a ter alucinações, são as dores do crescimento.

A razão a qual falo deste filme não é aleatória. Achei necessário falar por duas razões. Primeiro, porque farto-me de ver o enredo das histórias como um homem (como se a vida das mulheres se resumisse a isso – estamos na Arábia Saudita ou quê???). Depois, porque voltar a casa depois de um ano de reviravoltas na minha vida faz me sentir como se fosse uma má pessoa.

Como se o eu ter percebido que não estou cá para agradar ninguém, nem para ninguém me usar fosse um sinal de egoísmo, de arrogância. Mas cresci, cresci da maldade da adolescência, e continuo a crescer. Ninguém nos diz o quanto uma criança ou um adolescente podem ser maus e mesquinhos uns para os outros. Será falta de confiança? Será um sentimento de inferioridade a querer se passar por superioridade? O que interessa é que, ao contrário de antes, pouco me importa o que pensam de mim. Os únicos que nos interessam são aqueles que realmente se importam connosco. Já dizia o Mac Miller, “I’m only keepin’ good company / I am not talkin’ to you if you don’t have love for me”.

Não vou negar que o secundário foi, até agora, a melhor fase da minha vida. Todavia, mudar me e ter entrado na Universidade mudou tudo. Quando volto a casa e vejo aqueles que cá ficaram apercebo-me que eles ficaram na mesma página. Como li uma vez: “Sometimes we grow, but what’s around us hasn’t. We need to find environments where we can be healthy and thrive” (peço desculpa pelo excesso de citações em inglês, e não, esta não é a última). É como se voltasse agora ao infantário e tudo parecesse bem mais pequeno do que na altura em que lá andei. Não encaixo, aqui e ,por enquanto, em lado nenhum, o que me dá uma sensação de estar perdida. Porém “now that you don’t have to be perfect, you can be good” (John Steinbeck).

Não sei se me fiz entender. Depois de escrever, apagar, reordenar e de ler umas cem mil vezes a mesma coisa nem eu sei se percebo o que para aqui vai. O que vocês devem reter é que eu estou bem, e se, por alguma razão, parece que mudei as minhas atitudes é porque realmente mudei, mas a maneira como trato cada um depende puramente daquilo que recebo. Se faz de mim má ou boa pessoa, não faço ideia, mas faz me mim a Júlia.

xx, o novo Cisne Negro

 

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Decisões e a Falta de Soluções

Estamos na meta final do primeiro semestre do primeiro ano e, tal como temia, as minhas dúvidas mantêm-se em relação ao curso, a incerteza de saber se é isto que realmente gosto ou se é normal esta insegurança. Será que passa pela cabeça de outras pessoas mudar de curso? Será que elas se sentem preparadas para continuar a estudar isto durante mais 2/ 3 anos, no mínimo!? A verdade é que fui para Direito por várias razões, menos a de ser a minha paixão. É um curso clássico, geral, com prestígio e empregabilidade. Que mais se pode pedir?

No dia que descobri que entrei na faculdade não senti absolutamente nada. Nem estava ansiosa para saber onde tinha sido colocada. Só aqui devia ter percebido que algo não estava bem. O facto da minha família e amigos contarem, com mais entusiasmo e orgulho que eu, a terceiros que estou em Direito devia ser um grande red flag. Todavia, ainda sinto um friozinho na barriga só de pensar na ideia de desistir. Era, supostamente, uma grande decisão já tomada. A razão a qual estou a repensá-la é porque sou eu que vou ter que acordar todos os dias entusiasmada para estudar e, eventualmente, trabalhar.

Por um lado, gostava de continuar e fazer o 2º semestre, para garantir que não estou a cometer um erro, porém, por outro, estou tão cansada e tão desejosa de acabar logo isto que me ponho a pensar se não será melhor fazer uma pausa de tudo. Ir para casa e apreciar aquilo que eu nunca apreciei, pois sempre tomei como garantido, e apenas pensar melhor naquilo que realmente quero com calma, sem pressões, sem pressas.

Ainda assim, o que me impede de fazer isto é o medo. O medo de falhar – mas não estarei a falhar comigo própria se fizer algo que não gosto? O medo do que possam pensar de mim  – mais outra perdida na vida. É neste contexto que vejo inspiração em cada pessoa que já passou por isto e que seguiu em frente com o seu sonho, quer tenha estatísticas assustadoras no que toca ao desemprego ou não.

Se mudar, não me arrependo de ter “perdido” um ano. Nunca se estuda demasiado, nunca se aprende demasiado e não foi só Direito que aprendi, acreditem. Foi e está a ser uma grande experiência, desde a mudança radical de ensino a cozinhar e a saber viver sozinha. Um processo que me trouxe também muitas caras novas e com quem eu sei que posso contar. É aqui que se apercebe que, por vezes, mais difícil que gerir o dinheiro é gerir o tempo que nos sobra da grande balbúrdia que a vida é.

Suponho que o que tenha que fazer agora é decidir-me.

xx Jules

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